As bem-aventuranças

Leia Mateus 5.1-12

[Para concluir essa série sobre as bem-aventuranças,] precisamos começar com três negativas. Primeiro, Jesus não está encorajando-nos a ser seletivos, por exemplo, chamando alguns para serem humildes e outros para serem misericordiosos. Todas as oito bem-aventuranças, assim como [cada um dos nove aspectos do fruto] do Espírito, devem caracterizar os seguidores de Cristo. Segundo, Jesus não está prescrevendo uma fórmula para a saúde mental. Na verdade, makarios (“abençoado”) pode significar “feliz”, mas Jesus não está fazendo um juízo subjetivo (aquilo que sentimos), mas objetivo (aquilo que Deus pensa). Terceiro, Jesus não está pregando salvação através de boas obras, mas ensinando como aqueles que já renasceram pelo Espírito se comportarão.

Os pobres em espírito são aqueles que reconhecem que estão espiritualmente falidos. Sua fala é: “Nada em minha mão eu trago, simplesmente à tua cruz me agarro”. Os que se encontram de luto vão além. Não é a perda de um ente querido que eles choram, mas a perda de sua integridade e do respeito próprio. Eles são consolados pelo perdão de Deus. Os humildes (assim sugere o contexto) aceitam que os outros os enxerguem de acordo com o que declaram ser. O estágio seguinte é que eles se achem famintos e sedentos por justiça. Um apetite espiritual aguçado marca o povo de Deus.

Se as quatro primeiras bem-aventuranças dizem respeito ao nosso relacionamento com Deus, as outras quatro se referem à nossa relação com as pessoas. Uma vez que Deus é um Deus misericordioso, seu povo deve ser assim também. Devemos amar e servir qualquer um que esteja necessitado, como [nos ensina a parábola do] bom samaritano. As próximas pessoas a serem abençoadas são as puras de coração, ou seja, as coerentes, firmes, transparentes. Os cristãos também devem ser pacificadores. Eles então serão chamados filhos de Deus, já que seu Pai é o supremo pacificador que pagou, através da morte de seu Filho, um alto preço para ter paz conosco (Cl 1.20). A oitava bem-aventurança pronuncia uma bênção sobre aqueles que são perseguidos por causa da justiça. A perseguição a cristãos está aumentando em várias culturas hoje. Trata-se de um aspecto de nosso chamado cristão, como Jesus ensinou, e nos coloca em uma nobre sucessão, uma vez que os profetas foram perseguidos antes de nós.

Desse modo, a contracultura de Jesus Cristo está em oposição às culturas do mundo, pois Jesus parabeniza aqueles que o mundo considera pobres coitados, e chama os rejeitados do mundo de abençoados.

John Stott

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