Nada era dele

Disse um poeta um dia,
fazendo referência ao Mestre amado:
“O berço que Ele usou na estrebaria,
por acaso era dele?
– Era emprestado!

E o manso jumentinho,
em que, em Jerusalém, chegou montado
e palmas recebeu pelo caminho,
por acaso era dele?
– Era emprestado!

E o pão – o suave pão
que foi por seu amor multiplicado,
alimentando toda a multidão -,
por acaso era dele?
– Era emprestado!

E os peixes que comeu junto ao lago
e ficou alimentado,
esse prato era seu?
– Era emprestado!

E o famoso barquinho?
aquele barco em ficou sentado,
mostrando à multidão qual o caminho,
por acaso era dele?
– Era emprestado!

E o quarto em que ceou
ao lado dos discípulos, ao lado
de Judas, que o traiu, de Pedro, que o negou,
por acaso era dele?
– Era emprestado!

E o berço tumular,
que, depois do Calvário, foi usado
e de onde havia de ressuscitar,
o túmulo era dele?
– Era emprestado!

Enfim, NADA era dele!
Mas a coroa que ele usou na cruz
e a cruz que carregou e onde morreu,
essas eram, de fato, de Jesus!”

Isso disse um poeta, certo dia,
numa hora de busca da verdade;
mas não aceito essa filosofia
que contraria a própria realidade…
O berço, o jumentinho e o suave pão,
os peixes, o barquinho, o quarto e a sepultura,
eram dele a partir da criação,
“Ele os criou” – assim diz a Escritura…

Mas a cruz que ele usou
– a rude cruz, a cruz negra e mesquinha
onde meus crimes todos expiou,
essa não era Sua,
ESSA CRUZ ERA MINHA!

– Gióia Júnior, baseado em Stanley Jones